Sustentabilidade em plena Pandemia, esse é um dos principais destaques do treinador WENDEL DE FREITAS, no trabalho realizado na S.E. Patrocinense. Segue abaixo relato do treinador sobre o trabalho no clube. O longo período de isolamento logo após a saída da última equipe que conduzi, foi como fazer um período de jejum sem data pra terminar e propício para muitas reflexões, momento de rever prós e contras, uma análise profunda entre o que via dentro e fora de campo no meu dia-a-dia, alguns deles que não desejava mais viver, muito estudo e observação em diversas informações que recebia sobre o “jogador desejável”, recebendo propostas nacionais e internacional, e num determinado momento bem no meio da pandemia fui convidado através de um preparador físico, Gustavo Ichapo, que havia trabalhado comigo, e o havia incluído numa proposta internacional que recebi  me disse:

“- Wendel, eu queria que você apenas ouvisse, pois verá que alguns conceitos vão muito de encontro com o que pensamos e desejamos”.

Fui ouvir a proposta da S.E.P., sentamos e durante horas conversamos, almoçamos e jantamos.

Um médico, um técnico, um bancário, um ex-jogador, um preparador físico, uma salada completa hahaha.

Porém, um projeto bem estruturado, todo ‘planilhado’ e construído com conceitos nacionais e internacionais de um estudioso, Dr. Fabiano Grandese, todo organizado e descrito em powerpoint, que não causava estranheza para nós, entretanto, gente de ambientes bem distintos e de realidades muito diversas, na reunião mais longa que já tive. Depois de passar por clubes de maior expressividade, ajudando a revelar diversos atletas, hoje jogando em clubes de grande expressão nacional e internacional.

Gostei… eu encaro!!! Proposta e contrapropostas na mesa… martelo batido, muita clareza, coisa difícil de ocorrer no futebol, pelo menos pelas experiências que tinha vivido. Um começo difícil, aos poucos estreitando a comunicação, mas tínhamos prazo, a maioria dos atletas que nos procuravam causavam um certo espanto, por estarem há quase 2 anos desempregados, outros um pouco menos, alguns acima do peso e fora de forma. Enfrentamos de tudo. Foi bem difícil atingir a proposta inicial, e deixar claro o projeto a todos os atletas, pois os elementos fundamentais eram a conscientização, comportamento, educação esportiva, depois a educação de futebol, e então fomos percebendo que em algumas situações, era mais fácil de tirar leite de pedra, mas aos poucos a comunicação ficou mais efetiva, foi uma imersão pesada!

O clube dentro das possibilidades dava totais condições de desenvolvimento das atividades, a não ser quando a natureza não deixava, e começar no Guarujá - SP em isolamento de pandemia, foi difícil! E era mais fácil combinar: “- Nos vemos depois da chuva, do que marcar horário de treino”.

Seguimos a Patrocínio - MG, com 4 amistosos, mas só um com clube federativo e poucos treinos em campo corrido, mas tínhamos educado, e transformado os atletas, a consciência atlética estava instalada, a alta performance não era mais um problema!

Começamos o desenvolvimento técnico-tático pleno, 2 meses intensos.

Devido à disparidade em relação a clubes de maior expressão, que eram mais atrativos, tivemos dificuldade de conseguir criar uma equipe coesa, tínhamos muitos e bons atletas repetidos para uma mesma posição, mas tínhamos deficiência em outras posições e muita dificuldade, mesmo com o trabalho de toda nossa equipe, incluindo atletas, comissão, empresários parceiros, diretoria e presidência, quando acreditamos ter resolvido nossos problemas e conseguiríamos fechar a equipe aos 45 minutos do segundo tempo, “a janela de transferências nos traiu”.

Momento de frustração múltipla, e com uma estreia de derrota, quem me conhece sabe que eu estava uma panela de pressão explodindo hahaha.

Então eu percebi de fato onde eu estava, nos unimos… guerreamos, e buscamos um sistema tático que pudesse se adequar à ausência das peças que precisávamos, 5 semanas invictos, ‘rodiziando’ o elenco, mas incompleto, caímos frente ao Campeão!

Diante de tudo que realizamos, não merecíamos, mas entendemos o mérito alheio! Apenas não nos contentávamos, “Eu estava pu**! Kkkkkk”.

Enquanto sentíamos o gosto amargo nos reunimos e começamos a discutir os resultados positivos e negativos, e percebi o quanto a gestão intra e extracampo eficaz foi fundamental, não que todos tenham enxergado ou estivessem contentes, e após 9 meses de convivência percebemos e classificamos os erros e acertos.

Comecei a entender mais alguns aspectos empresariais que realmente fazem a diferença no mundo do futebol.

A sustentabilidade é obrigatória para a continuidade do trabalho, e nisso, superamos qualquer expectativa frustrada, para evidenciar o real valor de tudo que executamos.

Resultado final, 22 atletas, cerca de 50% de nosso elenco começarão a disputar a partir deste domingo Campeonatos Estaduais de Série A, alguns de expressão máxima no cenário nacional e outros de padrão intermediário, metade deles como titulares dessas equipes. 90% disputarão Campeonato Brasileiro - Série D, e 10% Série C. Ainda estamos avaliando outras propostas… e podemos chegar a 60% do elenco empregado por 1 a 2 anos, disputando 2 ou 3 competições anuais.

Acreditamos que por ser nosso primeiro ano de projeto, num clube de Série B do Campeonato Mineiro, fizemos um bom trabalho e modificamos positivamente pelo menos 30 ou mais famílias, entre comissão técnica, jogadores e demais colaboradores.

Fomos além! E estamos fazendo história, aprendi demais com nossos erros e acertos, e descobri que para esse próximo ano talvez tenhamos que recomeçar. Porque acreditamos que a maioria desses atletas nem retornem ao nosso clube… Nosso sim!!!

Nossos agradecimentos ao treinador WENDEL DE FREITAS, pela atenção e cordialidade de sempre com a página:  https://www.facebook.com/treinadoresdobrasil/

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